sexta-feira, 22 de março de 2013

The Jesus & Mary Chain 1988-12-07

 
Noite de Inverno e negra para os lados de Belém. A fila era longa para entrar no Pavilhão dos Belenenses e a expectativa era enorme. Os Jesus & Mary Chain estavam ali à porta. Mais uma vez um bando largo tinha-se dirigido para a celebração e ninguém se fez rogado. Tudo vestido a rigor, exceto talvez o Marco :-) mas integravamos bem a onda negra que invadia o espaço. Lembro-me de um pavilhão a romper pelas costuras e de uma primeira parte penosa com os portugueses Tomcat. Como era, e ainda hoje é, possível colocar coisas desgarradas do contexto apenas para cumprir calendário?? apenas criam descredito para as bandas, a não ser que se revelem uma enorme boa surpresa para os presentes. Mas com as bandas nacionais infelizmente nunca vi isso acontecer... promotores! Adiante... Esperámos um bom bocado até sermos brindados com a presença da banda. O som era mauzinho mas a muralha de som que queriamos ouvir estava toda lá. A pose, a intensidade, a violência, o escuro das luzes o o sabor da Cindy... não houve grande interação, esperar isso dos Jesus na altura era encontrar o Graal, também não houve o tocar de costas para o público que era mais usual mas houve uma banda despojada a debitar as suas canções numa pose irreverente e desalinhada, houve as guitarras a embalar os ouvidos e houve as canções que ainda hoje me embalam. Valeu bem a pena e assim se fechou o ano de 88. Mais tarde uma gravação manhosa veio para-me às mãos e ainda existe.







in Blitz 13.12.1988








quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

The Woodentops 1988-07-30


Pavilhão de Paço D’arcos na companhia do Manel, do Marco, do Frederico e de mais alguns que agora me escapam. O motivo eram os Woodentops por quem estávamos enamorados. Para mim tudo tinha começado em 1985 com o single ”Move Me”. Desde esse momento todos os álbuns foram religiosamente comprados e ouvidos intensamente. Antes deste momento os Woodentops tinham passado ferozmente pelo RRV com um concerto avassalador de energia e boas canções. 1988 via a edição de “Woodenfoot Cops on the Highway” um disco de que gosto muito e do qual a versão alargada de “Stop this Car” era passagem frequente no Som da Frente. Com tudo isto era imperial estar em Paço D’Arcos nesta noite.

Recordo que o Pavilhão não estava cheio, talvez meia casa, que os Peste & Sida deviam fazer a primeira parte mas não fizeram, que o som estava uma bosta mas que a banda estava viva e recomendava-se. Pena o som. Mas gostei do concerto.

Uns bons anos mais tarde (2002) e por um verdadeiro acaso recebo um e-mail de um senhor que pretendia uma cópia de uma gravação de um concerto dos Woodentops que eu tinha listado na minha lista de trocas. Esse senhor era apenas Rolo Mcginty o “chefe” dos Woodentops. Poderia eu dizer que não? E depois de uma troca de e-mails lá enviei a gravação e recebi em troca o meu bilhete assinado e uma compilação com músicas dos Woodentops e de outros projectos que teve depois, feita por ele para mim.

Uma das fotos que o Rolo mais gosta é deste concerto e que podem encontrar neste artigo. Foi publicada no independente na edição seguinte ao concerto mas não sei quem é o autor da foto. Seria interessante saber porque o Rolo está interessado em obter licença de utilização assim como uma cópia em condição, se ainda for possível, claro! Alguma pista?
 

 
 
 
in Blitz

sábado, 12 de janeiro de 2013

Felt 1988-04-31

A minha irmã que estava em Lisboa comprou-me o bilhete para esta ocasião. Os Felt, que estavam prestes a chegar ao fim, mesmo que poucos acreditassem na palavra de Lawrence, 10 anos e 10 discos seria a meta para uma década. E nesta data os Felt vinham a Portugal, pela primeira e única vez. Era imperativo, era quase impossível imaginar que iria ser verdade. Principalmente numa época em que os falsos boatos eram o prato do dia nos poucos jornais e revistas da especialidade que circulavam. Mas era verdade e melhor ainda, os Pop Dell'Arte faziam a primeira parte, ainda na ressaca do seu memorável concerto na mesma sala no mês anterior. A excitação era tremenda e ainda mais ficou quando cheguei à sala, repleta, e constatei que o meu lugar era nas Doutorais, primeira fila praticamente em frente ao Lawrence. Nem sabia onde meter as mãos. Estava sozinho e não conhecia ninguém nas proximidades. Os Pop Dell'Arte abrem a noite e a força das palavras, a estranheza das canções, a vitalidade da banda e a magia do João Peste enchiam-me os sentidos. Balançava por dentro mas não me conseguia mexer.
O intervalo veio e a ansiedade aumentava, os Felt eram há muito uma referência musical que me hipnotizava em todo o seu contexto, musical e estético. Confesso que o chapéu que tinha e que tanto gosto e que tanto usei foi comprado por direta influência do Lawrence. As coisas que fazemos por amor :-)
As luzes apagaram-se e entraram umas sombras em palco e de repente vinda do nada "The Old Man is Down the Road" quebra o silêncio e o gelo. Cinco músicos estavam em palco a postura era descontraida e desconcertante, parecia que não havia ninguém na sala ou nada que pudesse parar aquele comboio. Nada os demovia de debitar as suas emotivas canções mas desprovidas de qualquer emoção visual. Este contraste deixou-me louco, então era isto, tentar levar a musica para fora da personagem, ao vivo em frente de publico devoto mas que começava a estranhar a postura porque estavam à espera de "miminhos" vindos do palco. Pois se assim era, não conheciam o que tinham pela frente e iriam sair dali defraudados. Tal sucedeu com a critica escrita que arrasou o concerto. A prova é o texto do blitz que incluo neste post.
Para mim a magia foi total, o concerto, curto e grosso, deixou-me deliciado e a querer fazer música e ter uma banda...mal sabia! Saí dali com a alma em chamas e a cantar o "Primitive Painters".
Anos mais tarde em conversa como Álvaro ficámos a saber que fomos talvez as únicas duas pessoas a ser totalmente maravilhadas por este concerto :-)
 
Deixo aqui um LINK para um excelente site sobre os Felt e onde podem lêr uma entrevista com o Lawrence e que foi feita pelo Hugo Moutinho e onde o Lawrence fala dos concertos em Portugal e sobre a possivel edição em CD deste concerto. Infelizmente até hoje não se confirmou.
 
Existe uma gravação dos dois concertos em Portugal. A do Porto eu tenho e tive em tempos a de lisboa mas perdeu-se. Se alguém tiver essa gravação por favor que diga algo :-)
 


In Blitz 05-04-1988

Foto do concerto no Rivoli, Porto. In Jornal Se7e 1988
 

Microdisney 1988

1988 toda uma vida nova batia à porta e na companhia do JP e de alguns comparsas sele de Coimbra lá fomos para a Queima das Fitas. E o motivo eram os Microdisney da Irlanda. Havia dois albuns de que gostava Everybody is Fantastic de 1983 e The Clock Comes Down The Stairs de 1985. Algum tempo antes, que não recordo se foi neste mesmo ano de 1988, os Microdisney estiveram no Rock Rendez Vous e arrasaram por completo. O Blitz deu-lhes grandes elogios e entrevista e tudo isto estava presente na minha mente. Por isso, quando surgiu a possibilidade de os ir vêr foi pedir autorização e nem olhei para trás. Do concerto, lembro-me que foi no parque junto ao mondego, onde era habitual ser a festa e que foi enérgico e bom... a carraspana também! AH! Também não me lembro das datas!
 
 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Anamar 1987-11-13

1987 marca a minha primeira incursão a um concerto fora da minha área geográfica de conforto. Lisboa era outro mundo, várias vezes visitado mas nunca vivido a solo ou na companhia de amigos, como foi o caso, para este propósito. Acrescentava o facto de que era a minha estreia no já mítico Coliseu dos Recreios. A música da Anamar não tinha própriamente um apelo muito grande nos meus gostos, mas achava interessante e audaz a abordagem que ela fazia. Audaz era também abordar o Coliseu e quebrar um pouco a ideia de que apenas consagrados deviam pisar aquele palco. Isto fez-me querer ir. As memórias já são um pouco vagas mas recordo um coliseu com pouca gente, uma produção até arrojada para a altura e para uma artista de culto como era a Anamar, numa clara tentativa de quebrar essa barreira e afirmar o nome. Lembro-me de que nos divertimos bastante e que mais tarde numa transmissão que a RTP fez do concerto (sim, quando ainda havia música na RTP!!) entre as palmas  os nossos assobios eram perfeitamente audíveis e cortantes de um certo gelo que havia no ar.
Dos muitos canhotos que utilizei antes elejo este como o "primeiro" porque me transportou para uma nova dimensão e porque foi a minha iniciação.

 
 
Libreto do concerto
 
 
 

 
 
Blitz 17-11-1987